
Categoria: Artigos
Data: 16/08/2023
Relatos de uma viagem missionária
Ainda muito novo, Max foi jogador de futebol em dois times conhecidos de Goiás e tinha boas expectativas quanto a times maiores do Brasil. Mas, convertido, deixou os campos, os possíveis sucesso e fama e outros atrativos para se dedicar à certeza do sucesso e de recompensa muito maior: tornou-se evangelista e, depois, missionário da Junta de Missões Nacionais em Japuranã, MT.
Essa é uma das muitas boas e edificantes histórias que testemunhei e vou levar no coração, no que chamei de “viagem missionária”, com a qual fui presenteado no início deste mês de julho de 2023. A ideia da viagem foi dos pastores Anderson e Baianinho (das IPs de Juína e Castanheira, respectivamente) que me incentivaram a aproveitar um Módulo do IBAA que eu teria de ministrar em Juína (750 km de Cuiabá) para visitar os campos da JMN no “nortão” do nosso grande Mato Grosso. A princípio, fiquei receoso com as distâncias, quase tudo estrada de chão, mas Deus me deu a graça de assentir.
Precisaríamos de muito mais espaço para falar sobre tudo, mas espero conseguir destacar os nomes e os momentos que considerei mais importantes. De Juína e Castanheira fomos a Juruena (Rev. Radime), dali atravessamos o Rio Juruena de balsa para chegar aos seguintes campos da JMN: Japuranã, Nova Monte Verde e Nova Bandeirantes (Evangelista William); na volta passamos em Cotriguaçu (Rev. Edilson). Foram 1000 km de estrada de chão ida-volta, mas a bela e exuberante natureza e o bom humor dos meus dois colegas tornaram a viagem muito mais leve.
Após o módulo do IBAA em Juína, nos dirigimos a Juara, dali fomos conduzidos pelo piedoso Presb. Dirceu, um próspero empresário que há muito investe em plantação de novas igrejas na região, além do Rev. Edgar (Pastor da IPB ali) e do Rev. Lanes e esposa, o Evangelista Luciano e famílias. Visitamos: Novo Horizonte, Americana do Norte, Porto dos Gaúchos (Rev. Lanes), Tabaporã (Evangelista Luciano). No caso dos primeiros, por insistência do presbítero, pois já está orando e investindo nesses lugares com vistas a possíveis plantações.
Fiquei, especialmente, impressionado e constrangido com os pastores e presbíteros de igrejas organizadas e prósperas, além do próprio presbitério da região, todos comprometidos e envolvidos na plantação de igrejas em cidades onde não há igreja presbiteriana, seja auxiliando os campos em parceria com a JMN, seja contribuindo nos campos exclusivos da Junta, além do apoio constante a pastores e evangelistas no campo. Sem dúvida, um modelo de envolvimento missionário para todas as IPs do nosso Brasil.
Mas o desafio e constrangimento maiores vieram do próprio testemunho de vida e ministérios dos pastores e evangelistas, pois, enquanto, por vezes, estamos em nossas igrejas abastados e acomodados, não evangelizamos e, ainda, murmuramos; os evangelistas e pastores que encontramos, juntamente com suas famílias, cercados de estradas de difícil acesso, distantes de suas famílias mais amplas, por vezes passando por carências financeiras se mostraram felizes, agradecidos e dispostos a dar continuidade à Missão. Acrescento que não ouvi sequer uma reclamação de qualquer um deles.
Destaco minha emoção com o ânimo e a alegria do Rev. Edivaldo, com 71 anos, e sua esposa Marly, há dois anos no campo de Nova Monte Verde, sem ver muito fruto, mas disposto e, confiante na soberania e fidelidade de Deus, já com os alicerces do novo templo lançado. Em Tabaporã, a igreja tem dois lotes para a igreja e casa pastoral no futuro, mas com tranquilidade e alegria, os irmãos se reúnem na sala da casa do Evangelista Luciano e esposa, que têm 3 filhos que já dão um bom quórum para as programações. Acrescento que os pães de queijo caseiros de D. Marly correspondem à fama, só para destacar um dos muitos quitutes com os quais fomos honrados em nossa jornada.
Retornei para casa extremamente cansado, após 12 horas de ônibus desde Juara, mas muito feliz e desafiado a ser um crente melhor, um pastor mais comprometido com a missão e mais dedicado a auxiliar a igreja a ser mais “igreja”, conforme a Palavra diz que precisamos ser: grata pela salvação, profunda em seu relacionamento com Deus, amorosa em sua comunhão, presente e testemunha na cidade, comprometida com a evangelização local e com a Missão de Deus por meio da igreja no mundo.
Em tempo, o ex-jogador Max que, agora, não só joga no time de Cristo, mas é instrumento dele para convocar outros, também usa o futebol na cidade de Japuranã para dar algum lazer para as crianças e, assim, evangelizá-las e às suas famílias também.
O Rev. Djaik Souza Neves é Diretor da Junta de Missões Nacionais e Pastor da IP Jardim Guanabara em Cuiabá, MT.